Semana passada bati o carro. Quer dizer: bati, não, bateram em mim. Mas a culpa foi minha. Atravessei na frente do cara, que não conseguiu parar e me atingiu.
Eu tinha ido buscar o Bruno na escolinha, prendi ele bem certinho na cadeira e na volta para casa enfrentei um engarrafamento. Era um final de tarde chuvoso, já estava escuro, e eu resolvi fazer o retorno e tentar outro caminho. Fiquei controlando os carros que vinham no sentido contrário pela luz dos faróis, já que não dava visibilidade. Na primeira hora que não veio luz nenhuma, eu toquei.
E de lá vinha o chevetão de luz apagada, para economizar.
Ainda tentei acelerar, para ver se escapava, e ele até tentou frear, mas não adiantou. Atingiu minha roda traseira direita, e adjacências.
Foi tudo muito devagar, eu estava parado e depois arrancando. A batida aconteceu mais porque estava chovendo. E claro, porque sendo eu, o que vinha do outro lado era uma cheveta quase sem freio.
Parei, perguntei se o Bruno estava bem, e saí para ver o estrago. Enquanto eu ia até o outro carro, já preocupado porque o outro motorista demorava a sair, fui ficando preocupado, e já pensando para quem ligar. E neste meio tempo olhei para os caras que estavam na fila. A mesma fila que eu havia tentado evitar. Todos estavam com aquele sorrisinho de “bem-feito” e “Quem mandou ter pressa” no rosto.
Daí abre a porta do Chevette e sai o cara. Parecia historia em quadrinhos: o cara já saiu do carro de muletas. Juro. Imagina a cena. Até os caras da outra fila, que inicialmente ficaram rindo de mim, acho que ficaram com pena. Pelo menos pararam de rir.
Depois das apresentações o Vilimar (não perguntem. Dirigindo um chevete vocês queriam o que? – Pierre?) me explicou que havia sofrido um acidente de moto há 2 anos e meio atrás, e que tinha quebrado a coluna em 4 lugares, e estava encostado no INSS.
Ninguém se machucou, liga para o corretor, explica para o cara que tem seguro total, a outra fila andou, os palhaços da risadinha foram embora. E agora, faz o que?
Ligamos para o departamento transito, que explicou que por causa da chuva inúmeros acidentes haviam ocorrido, e que esperar no local para fazer B.O. poderia demorar mais do que 3 horas, mas que não havendo vitimas, nem ninguém alcoolizado, e principalmente se ambos concordavam como tinha ocorrido o acidente, poderíamos fazer o boletim no dia seguinte, direto no departamento de trânsito, com ambos os motoristas e veículos presentes.
O carro dele não andava, a roda havia ficado presa, mas para abreviar a historia, ele ligou para o pai vir desamassar um pouco o carro, para poder ir embora, e eu deixei o cara lá mesmo, já preocupado com o Bruno sozinho tanto tempo no carro.
No dia seguinte, fiquei em casa esperando ele ligar quando chegasse no transito, já que eu moro muito mais perto. Daqui a pouco liga o Vilimar:
- Seu Iury, o Sr não vai acreditar: Fui parado numa blitz pela policia e o guarda não deixa eu seguir, porque meu carro tá sem placa e sem pára-choque. Vão rebocar.
Tentei argumentar por telefone, dizendo que ele estava saindo de casa sem pára-choque por causa do acidente , e exatamente por orientação da guarda, estávamos nos dirigindo para o depto de transito para registrar a ocorrência, mas não teve argumento.
Pedi para o cara esperar por lá e liguei para a PM. Expliquei todo o problema para o atendente no 190. Levou bem uns 10 minutos, e eu estava preocupado, porque iriam guinchar o carro do cara, agora vitima duas vezes. Por incrível que pareça, o guarda concordou comigo. Disse que era muita coincidência, mas, face ao ocorrido, iria interceder.
- Em qual blitz ele foi pego? Qual a localização ?
Expliquei a rua, e era próximo do que, etc...
- Mas Sr, não há nenhuma blitz da PM nesta região.
Ligo novamente para o Vilimar. Pelo telefone, identifico pela farda que não era a PM, mas sim a própria Guarda de Trânsito. Bronca no infeliz, que não era capaz de identificar qual a policia que o havia grampeado, isso com 20 anos na cara.
Toca ligar para a chefia da Guarda de Transito, explica tudo de novo. Neste meio tempo o infeliz já tinha ligado umas 4 vezes dizendo que tinham pego os seus documentos, xingado a mãe, estavam começando a rebocar o carro, tudo o que era possível. E eu tentando acalmar o cara.
O chefe da guarda também entende nossa situação, passa um rádio e libera o chevettao.
Quinze minutos depois nos encontramos na sede da Guarda. Agradecemos o chefe que nos liberou e fizemos o tal boletim de ocorrência.
Tudo certo, tudo bonito, cada um com sua cópia, deixei o telefone da seguradora para ele ligar e se identificar, solicitando conserto.
- Tudo bem então, Vilimar, tudo tranqüilo, vamos embora ?
- tudo bem, seu Iury, mas o Sr pode me fazer um favorzinho ?
Devo ter olhado meio torto para ele, que meio se abaixou e continuou:
- O Sr poderia me dar uma carona até o chaveiro? Porque no nervosismo fechei o carro com a chave dentro, e o Sr sabe, Né? Carro velho bate com a chave dentro e ele tranca.
Não consegui resistir:
- vai te benzer, Vilimar, por favor vai te benzer.
2 comentários:
.. e ainda por cima deve ser Wilimar .... já que é em Blumenau !
Não sei o que é melhor: você descrevendo a história no seu blog ou contando pessoalmente. É de matar de rir, anyway! abração
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