Já tinha visto que o dia não começou bem quando estávamos indo para a Escola e falando sobre os Escoteiros.
Perguntei para o Bruno porque ele não estava mais querendo frequentar sua matilha e ele não abria o jogo. Perguntei se era chato, se tinha alguém incomodando e não vinha resposta.
- Bruno, você tem medo de animais na mata?
- Claro que não, pai.
Nessa hora, o Gabriel aproveitou:
- E você, papai, você foi escoteiro?
- Não, eu não fui - respondi, mas já com medo, porque vi que da minha resposta, vinha chumbo.
- Era medo dos dinossauros?
E assim começou a manhã. Com conflito de gerações.
Pelo menos eles estavam felizes indo para a Escola cedinho, rindo desbragadamente.
Para tentar mudar o assunto, comecei a cantarolar uma musiquinha que tinha gravado, Bichos Escrotos, do Titãs. Afinal, eles tinham que parar de rir.
-... oncinha pintada, zebrinha listrada, coelhinho peludo, vão se foder, porque aqui na face da terra, só bichos escrotos, é que vai ter...
Na primeira vez eles me olharam assim meio de lado, por causa do palavrão, mas não disseram nada. Acho que compreenderam a tal da "liberdade poética".
Quando repeti o refrão pela 2a ou 3a vez, o Bruno não perdoou:
- Musiquinha educativa essa tua, né, papai?
Ainda bem que a Escola é perto.
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