Blumenau copiou de São Paulo a lei da cidade limpa. Colocamos abaixo todas aquelas placas grandes, letreiros enormes, que só poluem o visual. A Rua XV ficou com outra cara.
Só criou um problema aqui em casa, quando tiraram o "M" do McDonald´s.
O Gabriel não entendeu, não acreditou, e não admitiu.
Desde minha época da prefeitura, eventualmente encontrávamos o prefeito, e o João Paulo sempre foi muito amável, e ouvia o que o Gabriel tinha a dizer. Pois nesta situação o Gabriel disse que precisava falar com o Prefeito, e que se ele tivesse podido votar, ele teria votado contra esta lei.
Fiquei feliz com este progresso democrático aqui em casa. Desde que seja da porta para fora, mas feliz.
Expliquei que a lei já tinha passado, e estava sendo colocada em prática, tanto que estavam tirando os famosos "arcos dourados".
O menino começou a chorar. Falei que aquilo não mudava nada, que o gosto do sanduíche não mudaria, e que ele continuaria levando o brinquedo para casa a cada lanche consumido, mas não adiantou. Não teve argumentação que resolvesse.
Tentei mudar de estratégia. Sou estudado.
Falei que era desproporcional chorar por causa de uma placa. Se ele estava chorando pela placa, imagina o que ele faria quando morresse alguém. Ele imediatamente parou de chorar e perguntou:
- Quem vai morrer?
Vi que fui longe demais. Pensei rápido e emendei:
- Talvez o seu peixinho, o Gates. Um dia ele vai morrer. Daí sim você pode chorar.
Ele até entendeu a comparação, mas ficou preocupado com o peixe.
- Eu não quero que o Gates morra.
Aproveitei a brecha e inseri a lição de moral:
- Pois é, mas então você deveria valorizar mais o seu bichinho. Nunca vi você dar comida, limpar o aquário, indo conversar com ele.
- Tá, então quando eu chegar em casa, eu vou lá falar com ele.
E assim consegui conter o choro, e acalmar até chegar em casa. Fiquei todo feliz, porque consegui atingir dois objetivos: parar de chorar por coisa boba e dar mais atenção ao peixinho. Realmente a morte do peixe seria coisa muito pior.
Seria, se não tivesse realmente acontecido.
Acontece que o Gates já tem quase 4 anos, o que é um recorde para um Beta. Quer dizer, seria um recorde se ele tivesse chegado lá, mas não chegou.
Abri a porta e ele correu para o aquário. Enquanto eu fechava a porta e ia largando as coisas, ouvi as palavras que até hoje me gelam a espinha: “Gates, o que você está fazendo no fundo do aquário? Pai, o Gates está dormindo no fundo do aquário. E não acorda nem quando eu bato no vidro. Gates? Gates?
E daqui em diante vou poupar seus ouvidos.
Dia seguinte levei ele para falar com o prefeito, para ver se dava para reverter pelo menos a placa do McDonald´s.
2 comentários:
Falar que o peixinho pode morrer qualquer hora e chegar em casa para encontrar o peixinho morto.
Se ISSO não é azar, então não sei o que é...
" só acontece comigo" mesmo !
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